24 de nov. de 2011

Entrevista com Mestre Odilon Costa

por Du Japonês,


Odilon Costa, o Mestre Odilon, é mais que conhecido no mundo das baterias de samba ao redor do Brasil. Atualmente como “coordenador” na Bateria “Não existe mais quente” da Mocidade Independente, Odilon acha que tem muita coisa pra melhorar: “estava acertando as caixas, mas tem muito mais coisa pra acertar, na minha visão, tenho que olhar todos os naipes”. Não esquece, porém, de um detalhe: “a diferença é que aqui eu tenho que respeitar a opinião do Dudu e Bereco (mestres). Já mostrei tudo que tem que ser feito”.


O andamento cadenciado é algo que Odilon luta há muito tempo. Na Mocidade ele faz questão de enfatizar isso: “Bateria da Mocidade não pode correr, não fica bom. Se eles acharem que tem que correr, vou deixar com eles”. E as bossas? “são conseqüência de um bom ritmo. Vamos acertar ao máximo o ritmo, depois pensamos nas bossas”.

Mestre Odilon não esconde que interferência externa no andamento da bateria o irrita a ponto de ser o motivo maior de não querer voltar a comandar nenhuma bateria: “Olha, quando o diretor de carnaval da Mocidade sentou comigo, falou que ate poderia escolher o andamento, agora já não é a mesma coisa. Até na gravação do samba. Não tenho mais saco pra isso”.  E ainda fez uma crítica a alguns ritmistas: “muitos se acham mestre”. Mas faz questão de enfatizar que seu pagamento é em dia e os ritmistas de Padre Miguel o respeitam muito.

Para Odilon, nessa briga de andamento os diretores de bateria em geral saem perdendo: “A palavra de ordem é ‘botar a bateria pra frente pra sermos campeões, o samba pra trás vai arrastar’”. 

Falando dos mestres atuais, os mais jovens. “Gosto do Marcone (ex-Imperatriz), Nilo (Portela), Riquinho (Ilha), Thiago Diogo (Porto da Pedra), Celinho (ex-Tijuca e atual Tuiuti)... Aílton (Mangueira) também... vários muito bons”. Falando em Mangueira, os jurados estão corretos? “A maioria está julgando certo, só a Mangueira que o julgamento foi errado”. A bateria da Mangueira no carnaval 2011 foi penalizada em menos um ponto por causa da sua "paradona".

Odilon gosta de inovações. Fala sobre o que trouxe de novo pro samba: “Trouxe o corredor de bateria, antes ninguém fazia, bossa de caixa, no meio entre a cabeça e o meio , bossa com duas macetas (baqueta para surdo com menos espuma do que as convencionais). Bossa na cabeça do samba (começo do samba-enredo) também, queria botar bossa aonde ninguém fazia antes...”.

Atualmente Odilon Costa vem trabalhando numa segunda edição do “Batuque Carioca” e dá workshops ao redor do Brasil, promovendo o samba pelo país. 

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