1 de nov. de 2011

Entrevista com Mestre Moleza

por Du Japonês,
















Retrospecto da carreira

Comecei no Águia de Ouro, com 14 anos de idade. Aprendi a tocar, a desmontar e montar instrumentos, comandei minha primeira bateria, foi tudo no Águia, escola que eu guardo com muito carinho. Daí eu fui pra Mocidade, onde aprendi mais a parte técnica da coisa, afinação de cada instrumentos, com o mestre Sombra.

Aprendendo a ser diretor de bateria desde cedo

Você começa a botar a razão antes da emoção, e assim também começa a enxergar coisas que não percebia como ritmista. Hoje em dia, como resultado, eu me considero um diretor de bateria muito mais ligado ao lado técnico, que preza acima de tudo pela qualidade e execução dos instrumentos.


Sobre as críticas

Quando ela é bem fundamentada ela é construtiva. Só que alguma críticas não tem nada a ver: ele é muito novo, ele é branquinho, ele é playboy. Quem me conhece sabe que eu participo das gravações dos cd´s desde 15 anos de idade, sabe que eu frequento as escolas desde novo... não comecei ontem no samba.

Início na Mancha

Comecei em 98 junto com o Mestre Juca, dai eu fui pro Mocidade. Em 2001 quando o Mestre Sombra assumiu a bateria da Mancha eu voltei como diretor de tamborim. Em 2007 eu assumi a direção da bateria junto com o Cajú, que me ajudou muito, a segurança que ele me deu na época foi muito importante.

Relação com Cajú

Relação primeiramente é saudável. Quando temos pontos divergentes a gente senta e discute o que é melhor para a entidade. Cada um enxerga seu espaço na bateria, tem muita coisa pra fazer, a gente delega bastante também.

Escolinha de bateria da Mancha

A escola cresceu muito, tem muita visibilidade. Tem muita gente da própria torcida, mas tem gente que não teve oportunidade em outras escolas de samba. Outro ponto também é o tratamento, a pessoa aqui é bem recebida, independente de saber tocar ou não, além de também ter pessoas muito capacitadas pra ensiná-la. A gente sabe que muita gente aqui, aprende, e vai tocar em outra escola. A gente não ensina pra Mancha, a gente ensina pro movimento.

Exclusividade de ritmistas

Eu não vejo problema algum de ritmista meu tocar em outros lugares. Ele enriquece indo pra outros lugares, aprende outras afinações, batidas. O carnaval mudou muito, o ritmista precisa ser bem tratado, porque ele precisa estar junto de você pra agregar, e isso só acontece se ele se sentir a vontade na escola.

Carnaval 2011

As notas não vieram, então agora é trabalhar. Trabalhamos em cima das justificativas, o problema é que elas as vezes não são claras. Por exemplo “houve um problema na frase de tamborim”. Qual frase e qual momento do samba? Perder nota é compreensível sim, só pedimos uma maior clareza nas justficativas para podermos trabalhar com maior direcionamento.

Renovação do samba

Precisa ser natural. O que falta muito no carnaval e em outros segmentos da sociedade é auto-crítica, da pessoa saber da hora de sair. O dia que eu sentir que estou fazendo este trabalho por obrigação, eu acho que não serei mais merecedor do posto de diretor de bateria.

Trabalhos extra-Mancha

Tenho trabalhos no samba, mas não sou um profissional do samba. Tenho minha faculdade, trabalho numa multinacional e tenho o samba como um hobby com muita responsabilidade. Mas é através do meu trabalho na escola de samba que eu sou convidado a outros projetos, como a gravação do cd do Leandro Lehart, que eu fui convidado a participar, trabalhos como jurado no interior, de competições de bateria em geral.

Baterias de São Paulo

Tem grandes baterias em São Paulo, mas nenhuma é perfeita, e incluo a minha nesta análise. Mas eu gosto muito do naipe de tamborins do Mocidade Alegre, da cozinha do Império com o Zoinho, do estilo de bateria do Adamastor. Acho a bateria do Camisa uma das mais pulsantes, daquelas que você fica do lado e não consegue ficar parado.

Baterias do Rio de Janeiro

Na minha opinião a Tijuca é a melhor do Rio, com naipes bem equalizados, tecnicamente falando perfeita. Mas tem outras, claro, muito boas: a da Grande Rio da época do Odilon também era muito boa.
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Veja também:
Entrevista com Mestre Tornado (Rosas de Ouro)
Entrevista com Mestre Mi (Vila Maria)
Entrevista com Mestre Odilon (Mocidade Independente)
Entrevista com Mestre Caju (Mancha Verde)
Entrevista com Mestre Sombra (Mocidade Alegre)