25 de fev. de 2012

Uma emoção diferente num Carnaval "Especial"

por Yto - diretor da Bateria Qualidade Especial (Acadêmicos do Tatuapé) e mestre 2011 da Bateria S/A

Conheci o mundo maravilhoso das escolas de samba em 2004 por meio de um amigo que desfilava desde pequeno lá e inclusive é filho do nosso Vice-Presidente Eduardo Santos. A primeira vez que pisei na quadra foi em meados de agosto se não me engano. Comecei a frequentar a escolinha de bateria e talvez por já estudar música desde os 13 anos levei certa facilidade com a percussão. Comecei tocando caixa na escolinha, mas fui convidado por um dos diretores para tocar ganzá já nos ensaios de quadra na Bateria. E foi esse o primeiro instrumento que eu toquei nessa bateria maravilhosa Qualidade Especial na época dirigida pelo mestre Alani (filho do grande mestre Divino). Não durou muito é verdade. Poucos fins de semana depois, ao final de mais um dia de escolinha, o Duda (diretor de surdo até hoje) me chamou e disse que aquela noite era pra eu pegar uma caixa e não mais um ganzá. Fiquei muito empolgado e ansioso para à noite. Desde então toquei caixa nos meus 2 primeiros anos de avenida (2005 e 2006).


Infelizmente em 2006 fomos rebaixados para o grupo de acesso e a direção de bateria passou para as mãos do mestre Kincas, até então um dos diretores de maior confiança do mestre Adamastor que nunca antes havia ficado à frente de alguma bateria. Começaram as escolinhas novamente e eu decidi então experimentar um instrumento novo: o repinique. Para isso contei com o auxílio de um excelente ritmista e hoje em dia grande amigo, Mariano. Me empenhei bastante, inclusive em casa e foi concedida a mim pelo mestre Kincas a oportunidade de "chamar" a bateria nos ensaios da quadra. A responsabilidade era grande e a experiência ainda era pouca, mas contei com a paciência e apoio do mestre que sempre "fechava" a bateria quando eu cometia algum erro. No desfile de 2007 então desci pela primeira vez no repique e já "puxando" os breques. Foi um dos desfiles mais emocionantes para mim e conseguimos a nota 30 de bateria!

De 2007 até 2011 eu permaneci no repique e em 2012 não seria diferente. Mas houve um desfalque na diretoria do mestre Higor (vigente desde 2010) e eu fui então convidado para ser diretor de bateria. Fiquei muito feliz e honrado com o convite e aceitei com muito boa vontade. Veio então o primeiro ensaio técnico, a entrega de fantasias, o dia do desfile. Eu estava completamente extasiado e ao mesmo tempo preocupado em garantir que a bateria viesse sem buracos, mantendo a cadência e que os breques fossem bem sinalizados aos ritmistas. Graças a Deus a escola desceu muito bem na avenida, sem nenhum problema e a Qualidade Especial, que contou com muita ajuda de parceiros de outras baterias (para citar algumas, Puro Balanço, Batucada de bamba, Arame farpado e Ritmo Puro, entre outras não menos importantes.) -- e também com a grande ajuda dos ritmistas da minha querida Bateria S/A que mais uma vez provando que forma sim grandes ritmistas, esteve representada por mais de 10 integrantes na avenida -- manteve a cadência (145 bpm) e veio muito bem.


Passado todo o cansaço, a correria e a preocupação do desfile, veio a apreensão e ansiedade pela apuração. E não poderia ter sido de um jeito mais sofrido, depois de esperar horas de atraso em função da confusão causada por bandidos, vândalos, arruaceiros e tudo o mais de pior que possamos pensar, no grupo Especial, começou enfim a apuração do grupo de acesso. Muitas escolas de grande nome e tradição estavam disputando as duas vagas para o grupo especial em 2013, entre elas Nenê, Leandro, Morro da Casa Verde, Imperador e Peruche. E por fim veio o resultado mais aguardado das últimas notas e a colocação final. Minha mão tremia ao digitar as notas. Pelas minhas contas estávamos empatados em 2º lugar com a Leandro de Itaquera. E foi aí que veio o anúncio redentor de que pelos critérios de desempate tínhamos conseguido. Depois de 5 anos de fora, voltávamos a ocupar o lugar que nos é de direito entre as grandes, justo no ano em que a escola completará 60 anos de existência. A sensação foi inexplicável. Para tentar fazer um paralelo, a comemoração de quando eu vi que tinha passado na faculdade não foi nada perto do que eu gritava ao saber que a minha escola de coração estava de volta ao Especial. Foi incrível. Mal saíram os resultados e eu já fui correndo pra quadra comemorar com a namorada e os amigos que tinham desfilado. Foi uma noite de festa, comemoração, emoção, alegria e todas as melhores sensações que se pode ter.

Em 2013 se Deus permitir estarei novamente defendendo as cores da minha escola abrindo o Carnaval de São Paulo com a mesma alegria, garra, vontade de fazer um grande carnaval e acima de tudo, com muito amor e respeito à escola e ao Pavilhão azul e branco da pequena gigante da Zona Leste, a Acadêmicos do Tatuapé. Deixo aqui inclusive um convite a todos para que venham participar, que frequentem a quadra e que participem dessa festa maravilhosa que ocorre todos os anos e que faz tantas pessoas felizes. Seja como folião, ritmista, diretor, etc a experiência é única e tenho certeza que você também irá se apaixonar!