25 de out. de 2011

Entrevista com Mestre Sombra

Por Du Japonês




Retrospecto

Comecei no Tom Maior, escola que minha família fundou, e desfilei pela primeira vez em 1976 com seis anos de idade. Na bateria eu desfilei pela primeira vez em 1978 no ganzá. Depois disso, desfilei no Águia, Pérola, Camisa. Cheguei em 91 no Mocidade, estreei como diretor auxiliar do Mestre Coca em 94 e, após o fim do carnaval, me tornei mestre de bateria do Mocidade.

Bateria no Carnaval 2011

Atendemos a todas as necessidades da escola, do público... acho que foi tudo dentro do planejado para o carnaval 2011. Tudo que ensaiamos saiu como o esperado, e vimos pela imprensa que nosso desempenho foi semelhante ao de 2009, quando fizemos o coração na avenida, que chamou bastante a atenção.


Diferenças de andamento ensaio técnico e desfile

Temos muita molecada, que estava ansiosa e com muita vontade. Além disso, temos muitas diferenças técnicas entre o ensaio e o desfile: o tempo de concentração no desfile é muito maior, a fantasia, os esquentas... ou seja, a adrenalina vai diminuindo, as circunstâncias são outras e isso faz o andamento oscilar pra baixo.

Sobre jurados

Um problema recorrente em jurados que eu percebo é a falha na redação referente as suas justficativas. Eu já dei aula pra jurados da UESP por 6 anos e já me deparei com esta situação: o jurado não sabia expressar no papel a sua justificativa. Eu já reclamei de nota, em tempos passados: tirei 9,5 com um erro o qual ocorreu de fato, e outra bateria que errou bem mais tirou a mesma nota, o que me fez questionar qual era o parâmetro de julgamento. 

Exclusividade de rimistas

Eu acho que o ritmista tem que ser exclusivo da escola. Muito ritmista discorda, quer desfilar em várias. Se ele desfilar em várias escolas que saem no mesmo dia, em uma ele vai desfilar com uma disposição, em outras ele não vai desfilar com tanto empenho. No Rio de Janeiro, existem vários ritmistas que saem em várias escolas, e as notas estão caindo...em São Paulo, poucas escolas têm tirado nota também, não é reflexo deste fenômeno? Você precisa torcer pro seu pavilhão, você precisa ter um time de personalidade, que vai lutar pela sua escola. Eu mesmo fui convidado a ser diretor na Unidos da Tijuca, mas acabei declinando o convite porque sabia que em algum momento teria que deixar um pouco de lado o meu trabalho no Mocidade Alegre.

Rivalidade entre escolas 

Não existe rivalidade, existe distância. Eu por exemplo vou pouco a outras quadras. A Solange vai por compromissos como presidente, e eu acabo indo junto. Mas eu mesmo sou também diretor de barracão, as vezes eu volto cansado pra casa, quero descansar... mas não acho que exista rivalidade mesmo, são coisas que acontecem que são normais do ser humano.

Bateria de São Paulo e Rio de Janeiro

A linhagem nova de diretores de bateria está com outra visão, o nível está muito alto. Sou meio suspeito pra falar, mas eu gosto da bateria da Tom Maior. Do Rio de Janeiro eu gosto muito da bateria da Ilha. Todas têm suas características, seu ritmo, mas a Ilha sempre foi a que me chamou mais a atenção. Uma outra bateria que me agrada muito é a bateria da Viradouro, com o mestre Pablo, um jovem que está fazendo um excelente trabalho.

Conselhos pra quem quer virar diretor de bateria 

Primeiro de tudo, escolha uma bandeira. Depois, dedicação, trabalhar sem querer passar por cima de ninguém. E outra, quem nasceu pra ser mestre, vai ser mestre um dia. Estava ouvindo uma entrevista do Zeca Pagodinho dizendo que ele tinha pavor de palco, de público, e a Beth Carvalho sempre dizia que ele ia ser famoso. A única coisa que ele precisou fazer foi trabalhar seu talento, e olha onde ele chegou.

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Veja também:
Entrevista com Mestre Moleza (Mancha Verde)
Entrevista com Mestre Mi (Vila Maria)
Entrevista com Mestre Odilon (Mocidade Independente)
Entrevista com Mestre Caju (Mancha Verde)
Entrevista com Mestre Tornado (Rosas de Ouro)