Sem dúvidas, com um dos melhores sambas de enredo de 2011, a Vai-Vai foi à avenida falando sobre a vida do maestro João Carlos Martins, um dos maiores artistas brasileiros contemporâneos, na música clássica.
Vale, como curiosidade e reconhecimento, falar aqui que o samba de Alexandre Louzada foi composto setorizado em 6 partes, cada uma com características (“semânticas”) de um andamento de música clássica, porém mantendo a velocidade pela qual a Vai-Vai é famosa.
Assim, o samba inicia no “Presto” (andamento veloz e animado), que figura a dádiva do nascimento do maestro, cortejado pelos deuses do Olimpo. Após, no “Allegro” (alegria), mostra-se o despertar de João Carlos Martins para a música clássica e as influências dos mestres eruditos. Na terceira parte, “Andante” (caracterizado pela alegria e humanidade), o maestro já figura entre os grandes nomes de seu meio. O próximo movimento é o “Adágio” (mais lento, ganha ares patéticos ou sombrios), no qual João Carlos tem um acidente e rompe os ligamentos da mão, mas luta fortemente para superar a lesão e voltar a tocar piano. No “Intermezzo” (aqui figurado como o clímax), o maestro volta à carreira, ainda com seqüelas, porém como um exemplo de superação. Para finalizar, o “Largo” (severo, porém simpático), o samba traduz o atentado sofrido por João Carlos Martins, no qual perde os movimentos da mão e, quando tudo parecia perdido, foge da sua verdadeira vocação e passa a estudar regência, tornando-se um grande maestro.